Monday, December 31, 2007

Boas Entradas

Sunday, December 30, 2007

2007 num plano de cinema

Falou-se muito no plano das mãos em "Luzes no Crepúsculo". Esse plano (sim, magnífico) oferecia o amor e a vida a Koistinen. Mas o mais belo plano que eu vi este ano vem uns minutos antes desse. Um plano que apesar de, lá está, não ser o final, me parece ser ele a abrir a pequena brecha que evita o filme de se encerrar sobre si próprio e sobre um pessimismo mais extremo. E, parece-me, faz com que o plano final seja um reforçar dessa ideia, de uma forma, concedo, cinematograficamente mais virtuosa (sim, virtuosa, apesar da sua curtíssima duração).

O plano a que me refiro, e cujo still infelizmente não consigo encontrar, é o da única vez em que vemos Koistinen rir. Onde? Na prisão. Koistinen junto a outros presos, no pátio, a rir-se. Um plano extremamente simples, mas cujo movimento dentro de todo o filme é fulgurante. Acho que é esse o plano que, definitivamente, salva Koistinen.

Saturday, December 29, 2007

2007 em estreias de cinema (top 10)

Vi 89 filmes este ano (talvez veja ainda mais três), número que conto reduzir consideravelmente para o ano. Não vale a pena, creio, vou dar muito menos hipóteses a filmes que me pareçam duvidosos. Até porque é enganador pensar que vendo estreias comerciais se está atento no que a cinema contemporâneo diz respeito. Foi um ano fraquinho, a meu ver. Para dar um exemplo, o número um desta lista não teria lugar nos cinco primeiros do ano passado; os restantes, penso, nem entrariam nessa lista. Deixo o top 10, tendo a certeza que os cinco primeiros são os filmes que mais gostei de ver, já não com tantas certezas os outros cinco. Ficam ainda outros 10 filmes, por ordem alfabética, que poderiam, talvez, figurar na segunda metade do top. E já estou à espera de ser espancado pelo Eastwood japonês não estar nos dez primeiros. Qualquer coisa como isto, então:

1. Paranoid Park, Gus Van Sant
2. Control, Anton Corbijn
3. Luzes no Crepúsculo, Aki Kaurismäki
4. Promessas Perdidas, David Cronenberg
5. O Capacete Dourado, Jorge Cramez
6. Climas, Nuri Bilge Ceylan
7. INLAND EMPIRE, David Lynch
8. À Prova de Morte, Quentin Tarantino
9. Rocky Balboa, Sylvester Stallone
10. Pecados Íntimos, Todd Field


A Morte do Senhor Lazarescu, Cristi Puiu
As Bandeiras dos Nossos Pais, Clint Eastwood
Cartas de Iwo Jima, Clint Eastwood
China, China, João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata
Half Nelson, Ryan Fleck
Livro Negro, Paul Verhoeven
Natureza Morta, Jia Zhang-ke
Os Anjos Exterminadores, Jean-Claude Brisseau
Planeta Terror, Robert Rodriguez
Zodiac, David Fincher

Friday, December 28, 2007

2007 em concertos

Juntar isto a isto.

Thursday, December 27, 2007

2007 em discos (top 5)

Estive agora a contá-los, ouvi 17 discos este ano, mas muitos só foram ouvidos uma vez, ou seja, não ouvi 17 discos este ano. Estúpida primeira frase para dizer que praticamente só ouvi os cinco discos mencionados abaixo. Continuo sem saber se gosto mais do Neon Bible ou do Boxer, o primeiro ajudou-me a subir a rua para o trabalho de manhã, o segundo ajudou-me a desce-la ao fim da tarde. O primeiro ajudou-me a não me mandar do quinto andar (do emprego), o segundo deu-me a mão quando não tinha vontade de me mandar do quinto andar (do emprego). O primeiro disse-me que não me fodiam, o segundo disse-me que estou fodido, mas está tudo bem. And so on.

1- Neon Bible, The Arcade Fire/Boxer, The National
2- Boxer, The National/Neon Bible, The Arcade Fire
3- Night Falls Over Kortedala, Jens Lekman
4- Sound of Silver, LCD Soundsystem
5- Our Love to Admire, Interpol

Nada que saber.

Tuesday, December 25, 2007

2007 em blogues

Há vários blogues que acompanho com grande regularidade e, em primeira instância, esta lista era para ser maior. Porém, alguns desses blogues que não menciono são mantidos por pessoas amigas e decidi que essas não precisam que eu diga o quão gosto dos seus espaços. Ficaram, então, três – e, sem dúvida, são esses três os meus blogues preferidos.

As Aranhas – Cada cinéfilo terá o seu crítico de cinema preferido. O meu é o Luís Miguel Oliveira. É certo que o blogue não é um espaço de crítica de cinema, mas os seus apontamentos sobre cinema, ou sobre outro assunto, cativam-me imenso. Como já disse, é o maior blogue national, factor obviamente a ter em conta. E este post foi comovente.

Mil e tal Filmes para ver antes que apanhe a Peste – Transborda cinema o espaço do Tiago Ribeiro. A cinefilia deste gajo leva tudo à frente e por isso é um blogue para visitar com o intuito de concordar e discordar ao mesmo tempo (como creio que ele espera), porque o cinema fica a ganhar com isso.

O Acossado – Mantido por duas pessoas, é o Francisco Valente quem posta mais e é por ele que menciono o blogue. Cinéfilo, melómano, literato, é um gajo que parece absorver a arte para se perceber melhor (não me esqueço deste post ou deste). Por alguma razão que não percebo bem, tenho tendência para me meter nas caixas de comentários e resistir-lhe um bocado. Não é de certeza por não gostar do que ele escreve.

Estes três blogues também porque, acima de tudo, me parecem ser três gajos fixes – tudo o que realmente interessa. Aos três, muito obrigado.

Monday, December 24, 2007

Feliz Natal

Visões

Tenho problemas com o "Redacted", ainda não digeri bem o dispositivo e não me parece que a reflexão me vá levar a gostar mais dele. Mas este post é so mesmo para deixar este link, um texto interessante de quem gostou do filme.

Saturday, December 22, 2007

2007 em livros

Não costumo estar atento às edições do momento; as minhas leituras, ao contrário do cinema e da música por exemplo, passam ao lado do que está a acontecer. Ainda assim, este ano posso dizer que dificilmente teria gostado mais de alguma coisa do que de A Estrada, de Cormac McCarthy, que li em inglês. E, de facto, no meu ano literário, a descoberta de Cormac McCarthy foi o acontecimento central: três livros magníficos, The Road, No Country For Old Men, A Child of God (a ver se leio o resto em 2008). Ficção arrumada, quem esteve atento a este blogue sabe que li outro livro deste ano: Oriente Próximo, de Alexandra Lucas Coelho, obra com uma dimensão humana espantosa, retratando o conflito israelo-palestiniano através do particular. Li este livro coninuamente a espreitar a fotografia da Alexandra, que é uma mulher lindíssima. Alexandra, aceita tomar um café?

Friday, December 21, 2007

Balanços

A lista de 10 filmes que o ípsilon apresenta nos finais de cada ano é sempre um bocado esquisita para quem lê o jornal todas as semanas. Mas pode ser agradável.

PS: Já agora vai a lista.

1- Cartas de Iwo Jima, Eastwood
2- Chatterley, Ferran
3- Natureza Morta, Zhang-ke
4- Belle Toujours, Oliveira
5- Planeta Terror, Rodriguez
6- Honra de Cavalaria, Serra
7- Livro Negro, Verhoeven
8- Promessas Perigosas, Cronenberg
9- Bug, Friedkin
10- Ratatui, Bird

Thursday, December 20, 2007

Benfica na tv

É desesperante ver um jogo do Benfica. Naquilo que são as transmissões televisivas agora, mil câmaras a filmar um jogo e o realizador a tentar tirar o maior partido delas, em cinco segundos pode haver três planos: num plano o Benfica tem a bola, noutro vemos outra coisa qualquer que o realizador se lembra de mostrar, no terceiro o Benfica já não tem a bola. Isto não é um post contra as transmissões televisivas de futebol.

Quanto ao jogo em si, 3-0 em mais uma exibição de merda.

Floripes, King 2, 19h30

Um filme estrear com uma sessão diária é que nunca tinha visto.

Tuesday, December 18, 2007

O (agora) intocável

Caras senhoras e caros senhores, não querem explicar porque desapareceu, sem deixar rasto, um post depreciativo sobre Manoel de Oliveira? É que se não explicam, fico a pensar que é censura. E a censura, na minha escala de valores, continua pior do que não gostar de Manoel de Oliveira.

Sunday, December 16, 2007

É triste

Os pequenos textos de Vasco Câmara e Luís Miguel Oliveira sobre "Promessas Perigosas" deixam no ar uma hipótese de discussão que, neste momento em que ambos os textos estão escritos e publicados, já se esfumou. Frustrante porque é um dos sinais mais evidentes que não há possibilidade de discussão de cinema na esfera pública. O formato blogue, eventual brecha que poderia ajudar a resolver isto, falha porque a maioria dos bloggers se esconde nos seus blogues (e também porque, no geral, não há grande interesse). Estamos praticamente reduzidos a zero.

Precisa-se

Alguém me arranja legendas para eu juntar ao divx de "A Imperatriz Yang Kwei Fei"?

Thursday, December 13, 2007

Não percebo certas noções de cinema. Agora parece (fujo disso como tudo) que anda aí o desvendar das palavras que não se ouvem no final do Lost in Translation. Onde acham que está o cinema dessa sequência? Não sei como começou, nem quero saber; mas quem começou devia sofrer. Muito. Durante muito tempo.

Gosto do gajo...

...mas para o que lhe dá. E ainda tenho o chuchu da análise ao filme do Redford a dar-me pesadelos.

Tuesday, December 11, 2007

"Ana" (1982)

Vê-se "Ana", de António Reis e Margarida Cordeiro, como um prolongamento de "Trás-os-Montes". Tanto continua a dialética entre som e imagem como os confrontos, de onde destaco Passado contra Presente. De facto, a interrogação maior será ainda "o que é possível persistir?"

Figura central, Ana, é em torno dela que se constrói o confronto, entre aquilo que ela representa ainda e a possibilidade de isso persistir após o seu desaparecimento. Fundamental para isso os mais novos, em particular aquele rapaz, o futuro. Apetece destacar a longa sequência da "aula", tão estranha ao princípio, tão fundamental ao reflectir essa mesma possibilidade de desaparecimentos no rasto da história.

Por isso mesmo, é um filme resistente. Lembro-me de palavras do arquitecto Belém Lima no debate que decorreu após o visionamento de "Trás-os-Montes" na última sexta-feira. Dizia qualquer coisa como que Reis e Cordeiro se tinham perdido naquelas terras como um miúdo se perde a olhar para uma minhoca, esquecendo tudo o resto. Uma ideia que me parece falsa. Se os cineastas se concentram naquele espaço específico, nele construindo vários tempos, também o é, suponho, porque sabiam muito bem o que eram os outros espaços (talvez os que se queiram modernos). E nesse sentido é claro que falo em resistência.

"Ana" é, então, mais um filme contra aquilo que, infelizmente, já é um natural apagamento (dói dizer isto) do que é esquecido. Mas, e talvez acima de tudo aos meus olhos, é mais um filme pelos que não se podem defender desse apagamento. (Pedro Costa, herdeiro, diz que não pode fazer filmes contra, só consegue fazer filme por.) E a ética com que se dá o cinema a essas pessoas está acima de tudo. O rigor da palavra e da encenação (Bresson?), o tempo dado, carregam aquilo que já uma força da natureza. "Ana" talvez não tenha tantos momentos esmagadores como "Trás-os-Montes" (que a par do travelling do "Recordações..." tem, por exemplo, o melhor início do cinema português), mas não deixa, pelas razões que tentei dar acima (poucas, insuficientes), de ser um filme maior. É uma das obras-primas do cinema.


Cada vez tenho mais dificuldade em escrever o que penso, e escrever sobre Reis/Cordeiro parece-me muita areia para a minha camioneta. Mas já que conseguir ir ver o filme (o que me diria a entidade patronal se lhes dissesse que a razão para sair mais cedo era ir ver um filme do António Reis e da Margarida Cordeiro?), queria tentar partilhá-lo. Em especial ao Hugo, que eu sei que queria muito ver este filme. Foi o que consegui.

Modernidades

Este lance é exemplificativo do futebol moderno: o domínio do espaço e do tempo.

Luís Freitas Lobo, citado de cor, durante o jogo do Porto.

Monday, December 10, 2007

Farväl Falkenberg

Ingenuidade minha, em Abril. Em tempos de intenet, de emule, não é a coisa mais complicada do mundo voltar a ver um filme que é contemporâneo. Eis, então, que na minha posse está "Farväl Falkenberg", legendado em inglês. Acabado de ver pela terceira vez só posso dizer que me vai às entranhas. Num momento mais racional tentei pôr em palavras o que o filme representa para mim. Isto para dizer que apesar do abalo emocional, creio ser este um filme fundamental do cinema moderno contemporâneo. Sei que não fui a única pessoa a vê-lo no Indie, mas vejo-o sempre como um filme a que apenas algumas pessoas ligaram. E, por isso, gostaria de tentar divulgar este filme, mesmo que naturalmente haja pessoas que não o vejam como eu. Para quem quiser rever ou descobrir, aceitam-se "encomendas". O meu email está aí ao lado.

Vota em Pedro

Saturday, December 08, 2007

Menos uno, menos uno...

Nunca julguei ter certezas sobre isto, mas creio que a partir de hoje terei resposta para quando me pedirem somente um filme. "Los Olividados" sou eu.

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Isto nunca mais me esqueço, no Quarto da Vanda há um plano banal, de uma garota fazendo dever de casa, repetindo as vogais, no meio de um barulho monstruoso. E ela ficava lá, tentando se concentrar.Eu passei uma tarde inteira com ela, repetindo, e quando eles viram o filme, disseram que aquilo era muito bonito pois mostrava as dificuldades que eles tinham com as crianças que tentavam estudar ou aprender, como uma criança aqui no bairro leva 7 vezes mais a aprender uma palavra do que na casa dos ricos. Esse tipo de coisa não tem preço. Não há nenhum crítico de cinema que vai dizer isto. Esse mesmo plano, numa revista de cinema francesa, foi descrita como um “velho retábulo crístico à maneira dos pintores da Renascença”.

Pedro Costa, em entrevista que o José Oliveira foi desencantar. Obrigado, José.

Friday, December 07, 2007

DAQUI A POUCO

E se estávamos com dificuldades, [os camponeses de Trás-os-Montes] compreendiam isso muito bem. Uma coisa muito importante: podiam verificar pelo nosso trabalho que éramos igualmente «camponeses do cinema», porque chegávamos por vezes a trabalhar dezasseis, dezoito horas por dia, e penso que eles gostavam muito de nos ver trabalhar.

Extraído, de onde mais?, do António Reis.

Wednesday, December 05, 2007

Ensaio

Estou em frente ao computador a ensaiar o meu top10 de filmes estreados comercialmente. Tenho uma dúvida: o "Torre Bela" conta como estreia ou reposição?

Tuesday, December 04, 2007

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Monday, December 03, 2007

Yours truly



O sorriso de Noriko, os Beach Boys, o icecreama do Benigni, a música do Jens Lekman. É tudo da mesma ordem.

Sunday, December 02, 2007

Brancossaurus

Imperdível peça sobre Paulo Branco, hoje no Público. De facto, a peça realça os sentimentos usuais em relação a Branco: figura singular e histórica no cinema português e europeu dos últimos vinte, trinta anos, mas um homem sem palavra, o tal mafioso.

E declarações muito interessantes de João Mário Grilo sobre o confronto criador-produtor. Aliás, na história do cinema tradicional há alguns exemplos destes e realizadores há que reconheceram sempre a importância do produtor. Tento imaginar a produção de "Ossos" e só me vem à cabeça um inferno. Se um dia Pedro Costa vai falar nisso, não sei (agora, como seria de esperar, não comenta; o mesmo para Oliveira, já agora).

Mas não acredito que Branco se vá levantar. E a produção de cinema em Portugal vai ter que mudar muito. E vai haver surpresas, creio.