Sunday, June 28, 2009

Orgasmo em plano-sequência

Viu filmes pornográficos ou eróticos para preparar COISAS SECRETAS?
Quando rodei as sequências de violência, vi com muita atenção os filmes de Hitchcock ou de Welles. Para o sexo, olhei o que tinha sido feito por outros questionando-me depois porque é que isso em mim não funciona e porque é que não me excita. Não se ofenda por eu a tomar como exemplo [falando para a jornalista], mas faço-o porque é bonita e está à minha frente. Acho que se você se acariciasse ou acariciasse outra rapariga, não tenho a certeza se eu, enquanto espectador, quereria ver o que o realizador escolheu enquadrar em grande plano. Posso preferir o seu rosto ou o seu corpo mais do que o seu sexo em grande plano. Os cineastas já não se dão ao trabalho de filmar o crescimento do prazer numa mulher. Já eu, nada me excita mais, do que uma mulher a chegar ao orgasmo. Por isso mostro-a em plano sequência. Lembro-me de o ter visto num filme de Alain Tanner, “Une flamme dans mon coeur”. Vemos Myriam Mézières masturbar-se e acariciar-se e ele filma-a em continuidade. O que é bastante perturbador, porque o crescimento de prazer numa mulher, o espectáculo do estremecimento no corpo delas, a alteração da respiração, não há nada de mais erótico. Acho que o meu filme é um pouco perturbador, e talvez seja por isso que não é bem recebido por toda a gente. Pode incomodar algumas pessoas. O que é surpreendente nos filmes pornográficos clássicos é que nunca se mostram as mulheres a terem orgasmos. Hoje, já aparecem umas coisas amadoras, que podem ser mal filmadas, mas são mesmo assim mais excitantes. Não estão a fazer cinema, contrariamente aos profissionais da pornografia que querem fazê-lo mas que a maior parte das vezes não sabem como. Mas eu, no fundo, acredito em coisas muito grosseiras, talvez até chocantes. Acho que todos os homens são voyeurs e todas as mulheres são exibicionistas. Depois, é claro, é preciso estabelecer nuances, mas um bom cineasta deve conseguir encenar o seu desejo de ver e libertar o desejo de exibição da sua actriz. O que está longe de ser fácil e passa por um lento trabalho de confiança.

Thursday, June 25, 2009

30 filmes com o Paraíso do Gelado #8

Farväl Falkenberg, Jesper Ganslandt, 2006

Monday, June 22, 2009

22 de Junho de 1949

Photobucket

O meu pai faz hoje 60 anos.

- Queria fazer um filme contigo.
- Então fazemos.

Thursday, June 18, 2009

Jesper Ganslandt

O trailer nem me surge como interessante, mas é uma grande notícia para mim saber que o homem está a fazer coisas. Nada, a não ser o fim da minha existência, impedirá o seu filme anterior de entrar para número #8 e nem o fim da minha existência impede que a língua sueca seja a mais bela do universo.

30 filmes com o Paraíso do Gelado #7

Saraband, Ingmar Bergman, 2003

Nunca mais acaba esta triste ideia.

Wednesday, June 17, 2009

Vítor Silva Tavares*

1)

Gosto de ir votar porque a junta de freguesia é ali na Rua da Esperança, e vota-se ao domingo, e ao domingo aquilo é uma aldeia. Até os cavalheiros podem aparecer de chapéu, porque é quase tudo emigrantes, de Ovar, daqui e dacolá. Põem os seus melhores fatinhos, as esposas ou viúvas também, e é-me ternurento ver como aquela gente vai tão respeitosamente votar. Então, eu gosto de ver aquilo e também vou.

Isso explica por que vai votar....

Como vê, não é por causa da “democracia”.

2)

Do ponto de vista pessoal sou um indivíduo baratíssimo desde miúdo. Sei comprar a minha comida, sei fazê-la.

Os seus carapaus.

É uma metáfora. Sendo os meus pais muito miúdos, quando o meu pai já está a fazer as carreiras da Europa, o navio aportava a Alcântara ou a Santos e ficava uma semana em carga e descarga, ia depois para Leixões e podia lá ficar uma semana. Por vezes a minha mãe para poder estar mais tempo com o meu pai acompanhava-o a Leixões, e já tínhamos a guerra, as tais senhas de racionamento, e industriou-me não só a ir à mercaria, à peixaria, ao talho, à padaria, com as tais senhas, como a fazer a minha comida. Melhor, quando nasceu o meu irmão, fazer para mim e para ele. E a minha mãe podia ir sossegada. Logo, faço cozinha desde os cinco, seis, sete anos. Não tendo eu vícios excessivos, a não ser o tabaco...

Quantos cigarros fuma por dia?

Um maço e meio. Indo ao cinema de 15 em 15 dias, ou uma vez por semana, porque gosto muito de cinema, tenho com a minha companheira, que trabalha no aeroporto, um tipo de vida muito estreito do ponto de vista económico, mas com muito conforto. Comemos muito bem lá em casa, as coisas são bem escolhidas, cozinho bem, logo ninguém pode ouvir da minha boca qualquer queixume, coitadinho de mim que sou tão pobrezinho. Não me importo nada de ser pobre. Não trocava a minha posição de modo algum com o Belmiro ou o Berardo. Tenho pena deles. Se o Berardo ou o Belmiro perderem 25 tostões, ou dois euros e meio nessa noite eles não dormem. Ai eu durmo regaladamente. Do que tenho um bocadinho de pena, e por isso, evito, é de ir a certas livrarias. Poderia ter a tentação deste ou daquele livrito, Evito e custa-me evitar. Eu que faço livros não tenho dinheiro para comprar livros. Mas tirando isso, não me custa nada viver como vivo.

*Entrevistado pela belíssima Alexandra Lucas Coelho, já há muito tempo que não a leio e que não lhe fazia um elogio. Outra a quem a Jessica Alba não chega aos calcanhares, .

Wednesday, June 10, 2009

30 filmes com o Paraíso do Gelado #6

Gespenster, Christian Petzold, 2005

Saturday, June 06, 2009

Kramer e Wiseman à conversa

Thursday, June 04, 2009

30 filmes com o Paraíso do Gelado #5

Trouble Every Day, Claire Denis, 2001

Wednesday, June 03, 2009

Aguentei 50 segundos do trailer de "The Road".

Actualização: vendo bem, sou parvo. Desde quando é que o romance de Cormac McCarthy poderia ser adaptado por Hollywood (a não ser que o realizador fosse o Ridley Scott)? Há um cineasta a vir-me à cabeça para a tarefa: Lisandro Alonso.