Thursday, April 15, 2010

Ai, os anos 70...

Outro filme que começa depois de quinze minutos é o “The Mechanic” (Michael Winner, 1972). Mais uma vez, não se dá o caso de, após esses primeiros quinze minutos, o filme se tornar desinteressante. Simplesmente, a disponibilidade para se respeitar um tempo preciso não tem continuidade, já que a primazia começa, a indústria manda, a ser dada à narrativa. Nesses primeiros quinze minutos, Charles Bronson planeia e executa um assassinato. Observa, regista, estuda, conclui; prepara, executa, conclui. E o filme com ele. É aquilo a que chamo um respeito pelo tempo e, consequentemente, um respeito pela duração das acções – neste caso, trata-se disso afinal, um respeito pelo trabalho e pela sua verdade.

Não é caso único no cinema americano dos anos 70. Foi época em que houve liberdades (eventualmente mais consentidas do que verdadeiramente ganhas) que, por sua vez, e no caso dos cineastas mais interessantes, se transformou num cinema ousado, porque atento a tais detalhes. Ainda retomando a ideia acima, “All The President’s Men” (Alan Pakula, 1976) parece um filme mais sofisticado. Durante mais de duas horas, a narrativa do filme incide precisamente nesse respeito pelas durações, no caso específico a duração de uma investigação jornalística, e assim cria um tempo que se sente justo, porque mais próximo do verdadeiro. O filme de Pakula está próximo de outro feito cinco anos antes por William Friedkin, “The French Connection”, talvez o meu preferido destes três. Também aqui toda a estrutura narrativa respeita a investigação policial do duo de polícias.

Por estes tempos, é mais difícil encontrar tal respeito pelas durações das acções. Para cinquenta “CSIs” há um “The Wire”; para cinquenta sei lá que filmes policias vão estreando há um “Politist, Adjectiv” (Corneliu Porumboiu, 2009), que espero ver estreado cá o quanto antes. Pelas mesmas boas razões que os dois filmes e quinze minutos acima referidos.