Thursday, July 30, 2009

"Família do cinema"

Monday, July 27, 2009

30 filmes com o Paraíso do Gelado #12

La Libertad, Lisando Alonso, 2001

Monday, July 20, 2009

30 filmes com o Paraíso do Gelado #11

Le Voyage du Ballon Rouge, Hou Hsiao-hsien, 2007

Saturday, July 11, 2009

30 filmes com o Paraíso do Gelado #10

Rocky Balboa, Sylvester Stallone, 2006

Saturday, July 04, 2009

The Wire

Tenho visto algumas séries. Tenho-o feito por razões como: tempo livre, pouca vontade para pensar, uma dependência de adormecer a ver imagens em movimento. "Californication" tem episódios de 25 minutos, gajas boas sem roupa (ainda que nenhuma apague este acontecimento fulcral nesta década) e consome-se como uma mini. "House" é o meu maior prazer culpado, pois é das coisas mais impressionantemente estruturadas que tenho visto; mas tem o personagem, estupendo. Experimentei também ver o "Dexter", mas não consegui ver mais do que um episódio, cheio de psicologia que é e filmado com muito estilo.

Já tinha lido os elogios a "The Wire" por gente tão desinteressante como Resnais ou Marker, mas só recentemente tomei coragem para me mandar a ela (até agora, vi as primeiras duas temporadas). É preciso coragem para ver uma série, cujos episódios têm todos 60 minutos. O leitor perguntar-se-á por esta altura se vou elogiar a série, tendo as costas quentes pelos velhos franceses e seus tacos de baseball, ou se vou contrariá-los, optando pelo descrédito completo da televisão em prol da pureza do cinema. Por isso, sinto-me meio encurralado, tal é a pouca confiança que tenho tido para escrever sobre alguma coisa.

Resnais e Marker parecem-me em forma e, por isso, vou me juntar a eles nos elogios, ainda que tentando dar um passo ao lado. Isto é, não sei se a série está assim tão cheia de inovações (sinceramente, já não sei se foi um deles que disse isso ou se é a ideia geral); ou melhor, sei que não está. Tudo o que eles dizem sobre a qualidade da narrativa, o uso da elipse, a dramaturgia, está correcto. Mas é óbvio, ou devia ser, que o entusiasmo só existe porque hoje em dia não temos pessoas como Hawks, Ford, Fuller, Chaplin, Hitchcock (este é o meu momento "História do Cinema") a filmar ao mesmo tempo. Em vez disso temos as manas (ou uma delas) a ser reavaliadas. Resumindo, a qualidade de uma série como "The Wire" é realçada porque, infelizmente, a quantidade de esterco que é feita ao mesmo tempo que ela é imensa, demasiada.

No entanto, há duas coisas que preciso de referir e elogiar em "The Wire". Uma delas tem que ver com o tempo da série e mesmo concordando com este texto do LMO (o facto de um gajo se lembrar de um post com dois anos noutro blogue não deve ser bom) penso que há um tempo próprio que pode ser trabalhado na televisão, inevitavelmente diferente do tempo no cinema, mas não merecedor de desprezo. Se eu agora falar noutra série policial, "CSI", da qual vi uns bocados (mas não sei qual a terreola "CSI", deve haver uma por estado), posso desde logo encontrar duas oposições. A primeira oposição é a da continuidade narrativa de "The Wire" contra o episódio princípio-meio-fim de "CSI". A segunda, derivada da primeira, é a justeza com que se filma o trabalho policial em "The Wire" contra os génios forenses de "CSI", quais MacGyver do século XXI (século, cujo início é marcado por este acontecimento fulcral). Ou seja, em "The Wire", filma-se o trabalho ao contrário da falsa inteligência policial. Em "The Wire" o trabalho demora tempo a ser feito, tem reveses, dão-se passos para trás que não significam forçosamente passos em frente no futuro, e, no final, todo esse trabalho moroso, difícil, não é de todo bem sucedido, ou melhor, é bem sucedido apenas em parte. Logo, a série parece-me mais próxima de uma verdade; a série não quer iludir o espectador, quer que o espectador se disponibilize para a acompanhar; a série não se evidencia a si própria - esta última ideia claramente resultante de um argumento apagado, da recusa do estilo, enfim, de uma clareza invulgar no contexto televisivo.

A outra coisa a referir, e que é importante para se sentir essa justeza, essa verdade, tem que ver também com o que se filma (calma pessoal, já falei de como se o faz acima, agora tenho que falar nisto um bocadinho também, certo?). Vou regressar às séries que tenho visto: em "Californication" filma-se um meio artístico, endinheirado, cool, pessoas bonitas, sem contracampo; em "House" filma-se um hospital asséptico, toda a gente tem seguro de saúde, pessoas bonitas, sem contracampo; no primeiro episódio de "Dexter" filmam-se pessoas bonitas em Miami, sítio bonito. Em "The Wire" a maior parte das pessoas são feias e há bastantes gordos (um insulto gratuito: falta lá o sub-director); há polícias corruptos e bêbedos; há drogados (ai, tóxicodependentes), há falta de dinheiro e o crime quase nunca é julgado (pela série, isto é); estamos em Baltimore, cidade que não interessa a ninguém, estamos nos bairros sociais de Baltimore ou nos escritórios pobres da polícia destacada, onde ainda se utilizam máquinas de escrever. Isto parece-me realmente surpreendente, mesmo que a série seja produção HBO, de ver na televisão americana, não só em relação às outras séries, mas em relação à grande maioria da produção de cinema americana (e não só, claro, mas falo da terra onde a Playboy começou).

Para mim, "The Wire" alia a qualidade dramática, um grande trabalho sobre imagens em movimento, com um olhar em volta, com um contracampo daquilo que cada vez mais exclusivamente as imagens em movimento nos oferecem. Um facto não vive sem o outro. Que "The Wire" não seja cinema pouco me importa. A maior parte dos filmes que por aí andam também não são.


Sérgio, qualquer imprecisão no texto agradece eventuais esclarecimentos da tua parte. Já agora, dedico-te o post. Bonito.

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Thursday, July 02, 2009

30 filmes com o Paraíso do Gelado #9

25th Hour, Spike Lee, 2002