Saturday, June 30, 2007

2:

Depois de ler a entrevista feita ao Jorge Wemans pela Susana de Sousa Dias e pelo Miguel Coelho para o quinto número da Docs Pt., imagino que os dois não lhe saltaram para cima porque não calhou. Eu não teria aguentado e ter-lhe-ia espetado dois ou três educados sopapos.

[Não cito nada porque a entrevista é irritante (por causa de Wemans) no seu todo.]

Thursday, June 28, 2007

Vício

Meter episódios de "House" como o House mete Vicodin.

Allenatore

«Seria bonito morrer no banco.»

Giovanni Trapattoni, último treinador campeão no Benfica.

Tuesday, June 26, 2007

Meio cinematográfico português

O cinema em Portugal faz-se através de cunhas?

É só cunhas, não tenho a mínima dúvida. E os cineastas portugueses, conheço bastantes, trabalham não pelo cinema, mas porque precisam de ganhar algum dinheirito, dado que eles não têm uma profissão regular fora do cinema. Os subsídios são-lhes dados pelo Estado, eles nem pagam impostos, coitados, têm uma sorte doida. São os mesmos de ano para ano, "tu ganhas este ano, daqui a três anos ganhas tu", e fazem estas estratégias. Esta é uma das partes do mistério. Agora, porque é que me seleccionaram sempre para fora, a mim, eu? Não sei. Eles pertencem a gangs pequenos, uns com os outros e eu não pertenço a nenhum gang.


Margarida Cordeiro, em entrevista dividida em três partes (1, 2 e 3), lida no blogue António Reis. (O carregado é meu.)


É angustiante ler a Margarida Cordeiro a falar da impossibilidade de fazer o "Pedro Páramo", mesmo que esteja lá uma dose de teimosia, rejeitando fazer o filme sem o subsídio (porque, eu, acredito que ela o conseguiria fazer). Mas, neste caso, a sua teimosia é mais do que justa, anos e anos a apresentar o projecto com fundos de países europeus e os financiadores sempre a garantirem que ela não fizesse o filme. Está mais do que visto, ela refugiou-se, não conviveu, foi excluida. Acontece a todos os que não querem fazer parte do meio que vai desde os cineastas dados ao convívio, aos jornalistas de cinema, e até aos filhos da puta que têm o dinheiro.

Sunday, June 24, 2007

Censura

Não houve "Jud Süss" para ninguém. A Alemanha ainda não exorcisou todos os fantasmas.

Os mete-nojo

Ainda há bem pouco tempo, aquando da minha ida à Gulbenkian mencionada aqui, referia-me ao público mete-nojo (também já o tinha feito no Indie; aquando do DocLisboa, este espaço ainda não existia). O meu amigo Ricardo pedia-me nomes, e isso fez com que me pusesse a pensar e, talvez, tentar explicar o que quero dizer com isso, não vá alguém levar a expressão como simples ofensa minha a certas pessoas de que não goste.

Quando há um pequeno acontecimento cinematográfico - Indie, DocLisboa, Ciclos na Gulbenkian, início de ciclos na Cinemateca - eu encontro o público mete-nojo. Bom, nos inícios de ciclos na Cinemateca não os encontro porque os bilhetes estão esgotados antes da bilheteira abrir - o sistema de convites a funcionar na perfeição (a sala estará mesmo cheia? quem vai aí só quer ver esse filme? é que depois nos restantes filmes há sempre bilhete...). Adiante.

O que me irrita profundamente quando há algo assim é ver sempre as mesmas caras, o pessoal do meio artístico muito pequeno e muito bimbo (neste caso, variante de cinema), género "ai também vieste?" e tanto que gostam dos foyers que se esquecem que há um filme para começar e o atraso torna-se da ordem do normal.

Chateia-me ver o "Oxalá Cresçam Pitangas" (sobre Luanda) no Doc e sair a ouvir os meninos betos dizer "muita giro" ou não ver lá as pessoas a quem tal filme poderia sucitar um sentimento género "então é assim que está o meu país, a minha cidade". Chateia-me ver a competição nacional de curtas no Indie, com o público composto essencialmente por amigos, pessoal do cinema e pelos 7 cinéfilos interessados que por acaso lá estão, e os cineastas ficarem contentes (pelo menos, o seu intra-relacionamento não demonstra qualquer sentimento de necessidade de público). Chateia-me ir à Gulbenkian ver "O Estado do Mundo" e saber que não vou encontrar pescadores como os do "Germano", imigrantes como o Ventura ou chineses das lojas que toda a gente almadiçoa por esta altura para um pensamento sobre as mutações da sua China.

O público é sempre o mesmo, mete nojo, e incluo-me, desde já, nele para não me virem chatear sobre isto também depois. Não há vontade alguma para que se dê a arte a quem mais a merece - sim, aqui filio-me directamente no Straub que vem dizendo isso há muito tempo. É por isso que sinto um enorme prazer quando vejo Pedro Costa, que creio me compreenderia, entrar no espaço da Gulbenkian, descer as escadas, passar pelos mete-nojo e entrar na sala.

Venham dizer-me que o problema é estrutural, numa sociedade em completa destruição, sendo os motivos mais profundos do que os que aqui enuncio, compreendo e concordo. Mas ninguém me tira da cabeça que a maior parte dos criadores e dos interessados são grandes culpados, não se preocupando, refugiando-se na ideia de que a arte subsiste por si só. Também acho que o "Juventude em Marcha" é uma obra-prima, quer seja vista por 3 pessoas ou por 30 000. O irritante aqui é a interrogação que não me sai da cabeça: quantos mete-nojo que vangloriam Ventura no papel e entre eles, se dignariam a beber uma cerveja com ele? se dignariam a jantar num qualquer restaurante com ele? passar tempo com ele?

Saturday, June 23, 2007

The National - Mistaken For Strangers

You have to do it running but you do everything that they ask you to
cause you don’t mind seeing yourself in a picture
as long as you look faraway, as long as you look removed
showered and blue-blazered, fill yourself with quarters
showered and blue-blazered, fill yourself with quarters

You get mistaken for strangers by your own friends
when you pass them at night under the silvery, silvery citibank lights
arm in arm in arm and eyes and eyes glazing under
oh you wouldn’t want an angel watching over
surprise, surprise they wouldn’t wannna watch
another uninnocent, elegant fall into the unmagnificent lives of adults

Make up something to believe in your heart of hearts
so you have something to wear on your sleeve of sleeves
so you swear you just saw a feathery woman
carry a blindfolded man through the trees
showered and blue-blazered, fill yourself with quarters
showered and blue-blazered, fill yourself with quarters

You get mistaken for strangers by your own friends
when you pass them at night under the silvery, silvery citibank lights
arm in arm in arm and eyes and eyes glazing under
oh you wouldn’t want an angel watching over
surprise, surprise they wouldn’t wannna watch
another uninnocent, elegant fall into the unmagnificent lives of adults

You get mistaken for strangers by your own friends
when you pass them at night under the silvery, silvery citibank lights
arm in arm in arm and eyes and eyes glazing under
oh you wouldn’t want an angel watching over
surprise, surprise they wouldn’t wannna watch
another uninnocent, elegant fall into the unmagnificent lives of adults

Friday, June 22, 2007

Ei-lo!

Eu a falar nele e ei-lo este Sábado no Chapitô, pelas 23h.

Nem isto move As Aranhas.

Monday, June 18, 2007

There Will Be Blood

Peço desculpa ao Claquete e ao Miguel Galrinho, mas tenho que reproduzir o trailer do "There Will Be Blood", também no meu blogue. Nunca fui muito à bola com trailers - daí achar este algo magnífico, porque não o melhor que já vi! Mais do que ver, ouçam aquelas palavras. Afinal, a vida terá sentido depois do concerto de Arcade Fire - ver "There Will Be Blood", de Paul Thomas Anderson.

O filme que importa ver:

Sunday, June 17, 2007

Questões

E se, pura e simplesmente, largasse o cinema e deixasse de ver filmes?

O Estado do Mundo

A reunião de curtas-metragens em torno de um tema, a que se costuma chamar filme de episódios, sempre desperta em mim desconfiança e, muitas vezes, essa desconfiança é justificada. Daí que tenha saído satisfeito da Gulbenkian, ontem, depois de ver "O Estado do Mundo". Uns melhores, outros piores, penso que o conjunto trabalha bem o tema proposto na medida em que a sua diversidade permite uma reflexão, sem dúvida, global. Num tema que é sempre arriscado na estimulação de mensagens, é interessante ver que mesmo os filmes menos subtis (Ferraz e Bing) não resvalam para histerias.

Daí passando para as coisas de que mais gostei: os olhos dos personagens de "Germano", a proposta "dura" de Akerman, a extrema violência de "Brutality Factory" sem ela se tornar pornográfica. E "Tarrafal", do maior! Corre-se o risco (corro eu a escrever isto) de se pensar que agora cada coisa que o homem faça é obra-prima. Não é militância cega, o seu filme é magnífico, continua-se a lidar com a comunidade cabo-verdiana e a sua história por contar. Personagens perdidos, mortos, afastados, através do enquadramento à Ford, com a linha do horizonte (e o que lá está) bem em cima, de um espaço reivindicado (bosques de Buti?) e daquela iluminação que produz a mais bela forografia do cinema contemporâneo. Está lá a cinefilía, mas este é um cinema novo na desesperada encenação de um humanismo apagado pelas memórias - é essa a grande resistência de Pedro Costa.

Depois a parte mais pessoal e emocional, talvez; a verdade é que, aparecendo o primeiro plano com Ventura, parece que alguma coisa acontece, uma brecha que se abre, uma explosão de alguma coisa a que não sei dar um nome. E já sou diferente depois disso.

Termino agradado com a quantidade de público (daquele um bocado mete-nojo, mas pronto) que lá esteve e que me apanhou de surpresa.

Friday, June 15, 2007

Ele vive!

Wednesday, June 13, 2007

Experiência

Neste workshop, gosto especialmente deste ponto no regulamento:

"EXPERIÊNCIA - Dá-se preferência a alguma experiência prévia no domínio da criação artística e o gosto pela experimentação."

Ainda há de aparecer o workshop com o requisito de que se tenha doutoramento.

O que me faz lembrar os 90% de anúncios de emprego que por aí andam e que pedem experiência no ramo. Estou convencido que chegará o dia em que morrerão as pessoas com experiência e as outras não poderão tomar o seu lugar por falta de experiência.

Monday, June 11, 2007

O Sapateiro Prodigioso

"(...) Muitos anos depois escreveria sobre ele duas páginas a que daria o título, obviamente inspirado em Lorca, de «O Sapateiro Prodigioso». Que outra palavra poderia eu usar senão essa? Um sapateiro da minha aldeia, nos anos 30, a falar de Fontenelle..."

in As Pequenas Memórias, José Saramago, Caminho

Rever

Embora gostasse mais se as reposições e os documentários tivessem maior rotatividade, não me chateia muito que, no Verão, se aproveite o Nimas para fazer uma retrospectiva da última época cinematográfica. Não encontro ainda nada no site da Medeia, mas o poster já anda por aí afixado (pelo menos, no Residence, onde eu o vi).

Gosto deste ciclo porque gosto de acompanhar as estreias e há sempre qualquer coisa que falha. Ainda assim, não as tenho acompanhado com tanta agressividade. Por uma questão de tempo (o permanent vacationer, where art thou?), mas também porque já não tenho paciência para piratas, pseudo-indies e algum autorismo (?) que anda por aí. Último exemplo: não perderia nada se não tivesse visto o "Fracture", mas com as 3 estrelinhas do Luís Miguel Oliveira (foram mesmo as estrelas, os textos deixo-os sempre para depois e, neste caso, se o tivese lido antes talvez não tivesse visto o filme) e as referências do Pedro Mexia não resisti.

Por isso, não sei bem se não é o meu amor pelas listas que me leva a acompanhar tanta estreia. Quero que o meu top 10 anual seja válido, género "sim, eu vi esse, mas não merece". Daí que mais do que colmatar falhas (assim de repente, o Garrel), este ciclo seja para rever filmes.

Daquilo que me lembro ver na programação, para confirmar o grande falhanço de Sofia Coppola; para confirmar (mais uma luta solitária me parece) que o Eastwood americano é melhor que o japonês; para me certificar se é o Ceylan, o Fleck, o Field ou o Lynch que fez o filme do ano até agora; ou então para agora gostar menos destes filmes e chegar à conclusão de que o melhor é mesmo "Rocky Balboa";

e, mais importante que isto tudo junto, para rever esse monumento, "Juventude em Marcha" do meu herói Pedro Costa.

A minha luta solitária

Sunday, June 10, 2007

A despropósito

Saturday, June 09, 2007

Cinema 2000

Tenho continuado a escrever sobre algumas edições dvd no Cinema 2000. Vou deixar de colocar aqui os links aqui porque é chato. Quem estiver interessado que vá lá passando de vez em quando. Obrigado.

Wednesday, June 06, 2007

Os seios de que se fala

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Guilty pleasure

Em "The Outlaw" (Howard Hughes, 1943) há dois magníficos, fartos e muito descobertos seios e a câmara de Hughes não precisa de ter mãos para as sentir cada vez que eles estão em campo.

Os seios são de Jane Russell, mas isso pouco importa porque dê por onde der, ela não tem lugar no meio dos homens do filme (o final? é só olhar para a cara de Billy the Kid). Kid e Doc Holliday dão as suas voltas nela (Pat Garrett não, porque, neste filme, é demasiado pateta), mas em termos de posse preferem mesmo é o cavalo e, porque não, um ao outro? Dê por onde der a câmara de Hughes não tem hipótese com o argumento de Howard Hawks - de maneiras que toca a ver os homens apaixonados uns pelos outros, com um Pat Garrett a matar Doc Holliday p0r ciúme, isto depois de Kid querer levar Holiday a dar uma volta também. Há muito tempo que não via um filme tão freak e divertido - até por revirar por completo a lenda de Billy the Kid, apresentando-lhe Pat Garrett já depois deste ser xerife e enfiando na estória Doc Holliday - e estou aqui para assumir, sem reservas, o guilty pleasure.

Sunday, June 03, 2007

Doc's Kingdom - programação

-1

Há muito que não rebentava com um VHS (a fita enrolou até um estado em que já nada se faz com ela). Às urtigas foram:

Il Mio Viaggio a Italia, Scorsese
The Yakuza, Pollack
Drums Along the Mohawk, Ford

Visto que nunca vi os dois últimos, podia ter sido outro VHS a ir à vida.

O estado deste blogue

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Will Oldham

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Arvo Pärt

Merging

"People are afraid to merge on freeways in Los Angeles."

Começava assim a vida literária de Bret Easton Ellis (magnífico romancista, digo eu) e foi com esta frase que a palavra merge se tornou a minha palavra inglesa preferida.

Isto porque é o que vou fazer hoje: I'm going to merge in Feira do Livro.