Rocky Balboa (Sylvester Stallone, 2006)
Que belo filme é "Rocky Balboa", mesmo com os seus problemas, aos quais não me quero referir. Isto porque interessa muito mais destacar as suas qualidades.
Sylvester Stallone, mais do que talento, tem convicções e coragem. A convicção de que ainda tem muito para dar e a coragem para assumi-lo quando já ninguém acredita nele. É por isso que "Rocky Balboa" não é outra coisa senão um filme sobre Stallone.
"But it ain't about how hard you hit, it is about how hard you can get hit and keep moving forward, how much can you take and keep moving forward. That's how winning is done!"
Cair e levantar. Stallone passou os últimos 20 anos a levar, raras vezes "respirou" ("Cop Land", James Mangold, 1997) e envelheceu sem notoriedade. Como Rocky, quase desapareceu, ninguém se lembra dele.
"The world ain't all sunshine and rainbows. It is a very mean and nasty place and it will beat you to your knees and keep you there permanently if you let it."
Este filme é Stallone a dizer que ainda existe.
"What's crazy in standing saying I am?'"
Não é, porém, apenas um filme contra o resto do mundo. O próprio Stallone sabe reconhecer as más escolhas que fez, inclusivé na própria saga deste personagem. Daí que o regresso ao filme de 1976 - este filme também é uma homenagem a esse filme, em termos iconográficos, mas, mais importante, em termos humanos - faz com que essa elipse de 30 anos seja, também, o seu pedido de desculpas. Isto porque em nenhuma sequela se voltou à humanidade transbordante de Rocky no primeiro filme.
Neste filme, a primeira vez que vemos Rocky, vemo-lo a alimentar os seus animais. Como ele amava o Butkus do seu primeiro filme, ama agora Punchy, que vai buscar ao canil. Spider Rico, pugilista que Rocky combateu no primeiro filme, come de borla no restaurante que Rocky mantém. "Spider Rico could hit", diz ele como se fosse o seu melhor amigo.
E Adrian. Como Rocky amava Adrian, formando um casal lindo de inadaptados. Adrian faleceu, mas Rocky ama-a da mesma maneira. Vê-lo religiosamente no cemitério, sentado na cadeira que deixa lá quando se vai embora, confirma-o como um humano singular. Aliás, essa humanidade, esse amor infinito que parece existir dentro dele, só poderia vir de um personagem assim: tonto, mas extremamente lúcido. Há uma sequência magnífica: o "tour" anual no dia da morte de Adrian. Rocky enfrenta os seus fantasmas e percorre a loja de animais agora fechada, a sua antiga casa, o sítio onde existia a pista de gelo, acabando num fabuloso plano em contra-luz como se fosse ele também um fantasma. É esse fantasma que ele enfrenta, neste filme, libertando o "stuff in the basement".
O regresso de Rocky ao ringue é o regresso de Stallone ao cinema. Mas agora um regresso com um filme seu e a sua convicção de que não deixará os outros deitarem-no abaixo, não se importará com quem se ri dele, importa fazer o que quer e sentir-se bem consigo mesmo. É por isso que, no filme, quando o combate acaba num empate, Rocky não fica à espera do resultado dos juízes. Ele já não se importa, ele já ganhou, já tinha ganho quando chegou ao cimo da escadaria do museu de arte de Filadélfia, vestindo o fato de treino cinzento e all-star pretos de há 30 anos. Para redenção tão bela, insisto, é preciso ter convicções fortes e coragem. É mais, muito mais do que costumamos ter na maior parte do cinema americano.
"Yo Adrian, we did it."
É um orgulho ter um herói de infância assim.
Sylvester Stallone, mais do que talento, tem convicções e coragem. A convicção de que ainda tem muito para dar e a coragem para assumi-lo quando já ninguém acredita nele. É por isso que "Rocky Balboa" não é outra coisa senão um filme sobre Stallone.
"But it ain't about how hard you hit, it is about how hard you can get hit and keep moving forward, how much can you take and keep moving forward. That's how winning is done!"
Cair e levantar. Stallone passou os últimos 20 anos a levar, raras vezes "respirou" ("Cop Land", James Mangold, 1997) e envelheceu sem notoriedade. Como Rocky, quase desapareceu, ninguém se lembra dele.
"The world ain't all sunshine and rainbows. It is a very mean and nasty place and it will beat you to your knees and keep you there permanently if you let it."
Este filme é Stallone a dizer que ainda existe.
"What's crazy in standing saying I am?'"
Não é, porém, apenas um filme contra o resto do mundo. O próprio Stallone sabe reconhecer as más escolhas que fez, inclusivé na própria saga deste personagem. Daí que o regresso ao filme de 1976 - este filme também é uma homenagem a esse filme, em termos iconográficos, mas, mais importante, em termos humanos - faz com que essa elipse de 30 anos seja, também, o seu pedido de desculpas. Isto porque em nenhuma sequela se voltou à humanidade transbordante de Rocky no primeiro filme.
Neste filme, a primeira vez que vemos Rocky, vemo-lo a alimentar os seus animais. Como ele amava o Butkus do seu primeiro filme, ama agora Punchy, que vai buscar ao canil. Spider Rico, pugilista que Rocky combateu no primeiro filme, come de borla no restaurante que Rocky mantém. "Spider Rico could hit", diz ele como se fosse o seu melhor amigo.
E Adrian. Como Rocky amava Adrian, formando um casal lindo de inadaptados. Adrian faleceu, mas Rocky ama-a da mesma maneira. Vê-lo religiosamente no cemitério, sentado na cadeira que deixa lá quando se vai embora, confirma-o como um humano singular. Aliás, essa humanidade, esse amor infinito que parece existir dentro dele, só poderia vir de um personagem assim: tonto, mas extremamente lúcido. Há uma sequência magnífica: o "tour" anual no dia da morte de Adrian. Rocky enfrenta os seus fantasmas e percorre a loja de animais agora fechada, a sua antiga casa, o sítio onde existia a pista de gelo, acabando num fabuloso plano em contra-luz como se fosse ele também um fantasma. É esse fantasma que ele enfrenta, neste filme, libertando o "stuff in the basement".
O regresso de Rocky ao ringue é o regresso de Stallone ao cinema. Mas agora um regresso com um filme seu e a sua convicção de que não deixará os outros deitarem-no abaixo, não se importará com quem se ri dele, importa fazer o que quer e sentir-se bem consigo mesmo. É por isso que, no filme, quando o combate acaba num empate, Rocky não fica à espera do resultado dos juízes. Ele já não se importa, ele já ganhou, já tinha ganho quando chegou ao cimo da escadaria do museu de arte de Filadélfia, vestindo o fato de treino cinzento e all-star pretos de há 30 anos. Para redenção tão bela, insisto, é preciso ter convicções fortes e coragem. É mais, muito mais do que costumamos ter na maior parte do cinema americano.
"Yo Adrian, we did it."
É um orgulho ter um herói de infância assim.
2 Comments:
Acho bonita a forma como este filme parece estar a tocar várias pessoas e apesar de não ter de todo crescido com a saga consigo sentir algo sobre aquelas personagens e sobre este filme, perceber quando dizes essa humanidade, esse amor infinito que parece existir dentro dele, só poderia vir de um personagem assim: tonto, mas extremamente lúcido.
Pelo menos respeito inspira. E isso já é importante!
“Rocky Balboa” não é um filme de boxe, é sim um impulso auto-retratista, de um repentismo entusiasmante, instigado pela solidão. A melhor maneira de acabar uma saga inesquecível que marcou mais do que uma geração.
Cumprimentos!
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