Matanças
Os filmes de Giuseppe Morandi que a Cinemateca passou um dia destes, em particular "Cavallo Ciao", puseram-me a pensar sobre as decisões na hora de filmar a matança de um animal. Acho que no filme referido ajuda o facto de Morandi não ser alguém do cinema. É alguém que pega numa câmara e regista os costumes e tradições da sua pequena terra, em Itália. Daí talvez a forma directa e brutal dos planos próximos nos breves minutos em que vemos um cavalo a ser esfaqueado no pescoço, a sangrar o que tem a sangrar, a cair morto. Interrogo-me agora sobre a indecisão que Olmi revelou na matança do porco em "L'albero Degli Zoccoli" (a alternância entre planos próximos e distantes). Continua a parecer-me uma atitude respeitosa de Olmi, também compreensível num filme de ficção. No entanto, parece-me agora que o gesto de Morandi é o mais justo.
Estranho, portanto, a forma escolhida por Morandi em "Il Colore Della Basse" para filmar o matadouro industrial, ainda mais depois de ter visto aqueles vinte e tal minutos do matadouro industrial em "Meat", de Wiseman (questão importante: pode bem ser que Morandi nunca tenha visto o filme). Mas não se espera que alguém que escolhe fazer daquela maneira "Cavallo Ciao" escolha depois o fácil acompanhamento musical e a fácil passagem do drama da acção para a tristeza do humano ao filmar o matadouro industrial.
Estranho, portanto, a forma escolhida por Morandi em "Il Colore Della Basse" para filmar o matadouro industrial, ainda mais depois de ter visto aqueles vinte e tal minutos do matadouro industrial em "Meat", de Wiseman (questão importante: pode bem ser que Morandi nunca tenha visto o filme). Mas não se espera que alguém que escolhe fazer daquela maneira "Cavallo Ciao" escolha depois o fácil acompanhamento musical e a fácil passagem do drama da acção para a tristeza do humano ao filmar o matadouro industrial.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home