Berlinale sem tapete vermelho #5, #6, #7 e #8
Umas notas, para acabar.
"I taket lyser stjärnorna" ("Glowing Stars"), Lisa Siwe (secção Generation)
Estória de uma adolescente, cuja mãe solteira tem cancro, e os dramas de tal situação: a relação forte mãe-filha, a relação complexa da adolescente com os rapazes e raparigas da sua idade, a relação problemática da neta com a avó que tenta ajudar. Isto é material escorregadio, adaptado de um livro que imagino ser intragável, mas do qual Lisa Siwe, através do ponto de vista da adolescente, vai tirando a gordura até o mesmo material deixar de ser sentimental para passar a ser emocional.
"Gunlala de qiang" ("Lala's Gun"), Ning Jingwu (secção Generation)
Tenho que resistir à tentação de abraçar por completo um filme que se preocupa por algo antigo, a tribo Miao, que na China contemporânea continua a viver a sua tradição, os seus costumes de há 2000 anos para cá. É com a própria tribo que Jingwu trabalha, mas o seu olhar ainda me parece demasiado exterior. Ou seja, raramente vemos o filme cair para o documentário, Jingwu constrói uma ficçao embevecida, que não me parece a forma mais justa de trabalhar a sua matéria.
"Zum Vergleich" ("By Comparison"), Harun Farocki (secção Forum)
Farocki continua a fazer pensar, a oferecer-nos material para reflexão. Não que Farocki se exclua de ter um ponto de vista, mas a sua distanciação é tal que o espectador é inevitavelmente implicado (é sempre não é? mas, não conseguindo explicar melhor, aqui "é mais"). Farocki dá-nos a comparação, nós que pensemos sobre ela. Sobre a construção do tijolo quiseram-se ver, na minha sessão, analogias com o uso da película em 16mm ("Ambos os materias sujam as mãos, mas acho que é só isso": Farocki de cor). Muito cinema em muitas cabeças evitará olhar para um filme, como outros de Farocki, extremamente atento ao mundo contemporâneo, às suas crises. Para pôr ao lado de "Nicht Ohne Risiko" (2004), por exemplo.
"Beeswax", Andrew Bujalski (secção Forum)
Bujalski é uma espécie de guilty pleasure. Tendo visto primeiro "Mutual Appreciation" (2005) e só depois "Funny Ha Ha" (2002), diría que este "Beeswax" regressa ao espírito mais solto do filme de estreia. "Mutual Appreciation" surge-me agora como um filme mais preso a uma ideia de cinema marginal. São filmes simples, que evitam grandes acontecimentos, ficando pelas situações de dia a dia. É este o lado que continua a interessar-me em "Beeswax", pois nas relações sentimentais entre os personagens parece haver uma vontade desnecessária de fazer coisas acontecer. Longe da complexidade de "Funny Ha Ha", neste aspecto. Também é possível que apenas veja os seus filmes porque me apaixonei por Kate Dollenmayer, a mulher mais bonita do mundo. Reparei que ela é assistente de câmara em "Beeswax". A mulher mais bonita do mundo é assisstente de câmara.
"I taket lyser stjärnorna" ("Glowing Stars"), Lisa Siwe (secção Generation)
Estória de uma adolescente, cuja mãe solteira tem cancro, e os dramas de tal situação: a relação forte mãe-filha, a relação complexa da adolescente com os rapazes e raparigas da sua idade, a relação problemática da neta com a avó que tenta ajudar. Isto é material escorregadio, adaptado de um livro que imagino ser intragável, mas do qual Lisa Siwe, através do ponto de vista da adolescente, vai tirando a gordura até o mesmo material deixar de ser sentimental para passar a ser emocional.
"Gunlala de qiang" ("Lala's Gun"), Ning Jingwu (secção Generation)
Tenho que resistir à tentação de abraçar por completo um filme que se preocupa por algo antigo, a tribo Miao, que na China contemporânea continua a viver a sua tradição, os seus costumes de há 2000 anos para cá. É com a própria tribo que Jingwu trabalha, mas o seu olhar ainda me parece demasiado exterior. Ou seja, raramente vemos o filme cair para o documentário, Jingwu constrói uma ficçao embevecida, que não me parece a forma mais justa de trabalhar a sua matéria.
"Zum Vergleich" ("By Comparison"), Harun Farocki (secção Forum)
Farocki continua a fazer pensar, a oferecer-nos material para reflexão. Não que Farocki se exclua de ter um ponto de vista, mas a sua distanciação é tal que o espectador é inevitavelmente implicado (é sempre não é? mas, não conseguindo explicar melhor, aqui "é mais"). Farocki dá-nos a comparação, nós que pensemos sobre ela. Sobre a construção do tijolo quiseram-se ver, na minha sessão, analogias com o uso da película em 16mm ("Ambos os materias sujam as mãos, mas acho que é só isso": Farocki de cor). Muito cinema em muitas cabeças evitará olhar para um filme, como outros de Farocki, extremamente atento ao mundo contemporâneo, às suas crises. Para pôr ao lado de "Nicht Ohne Risiko" (2004), por exemplo.
"Beeswax", Andrew Bujalski (secção Forum)
Bujalski é uma espécie de guilty pleasure. Tendo visto primeiro "Mutual Appreciation" (2005) e só depois "Funny Ha Ha" (2002), diría que este "Beeswax" regressa ao espírito mais solto do filme de estreia. "Mutual Appreciation" surge-me agora como um filme mais preso a uma ideia de cinema marginal. São filmes simples, que evitam grandes acontecimentos, ficando pelas situações de dia a dia. É este o lado que continua a interessar-me em "Beeswax", pois nas relações sentimentais entre os personagens parece haver uma vontade desnecessária de fazer coisas acontecer. Longe da complexidade de "Funny Ha Ha", neste aspecto. Também é possível que apenas veja os seus filmes porque me apaixonei por Kate Dollenmayer, a mulher mais bonita do mundo. Reparei que ela é assistente de câmara em "Beeswax". A mulher mais bonita do mundo é assisstente de câmara.
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