Berlinale sem tapete vermelho #1
Secção Generation 14plus
"Voy a Explotar", Gerardo Naranjo
A adolescência é uma fase extremamente complexa e é verdade que Naranjo consegue muitas vezes filmar o par de adolescentes que fogem das respectivas famílias de uma forma saudavelmente distanciada. Aliás, se problema aqui há, é no contracampo, demasiado simplificado: o pai dele, deputado, rico, corrupto; a mãe dela, sozinha, desesperada na sua incapacidade maternal. Sendo o par em fuga (uma fuga que é ilusoriamente espacial, pois ambos se escondem no telhado de casa dele, e essencialmente espiritual) o centro do filme, numa espécie de "Pierrot Le Fou" adolescente, um rapaz, uma rapariga, o filme não é desinteressante. O encontro deste par permite também a abertura do enquadramento de Naranjo, inicialmente colado aos rostos. E é quando este enquadramento se abre que vemos não só as dúvidas de dois adolescentes no mundo como as dúvidas de dois adolescentes no mundo um do outro. Ainda que nunca oferecendo algo de novo, parece um filme que lida com o seu objecto de forma justa. É pena, portanto, que Naranjo não só ceda a uma estrutura de argumento (construido em torno de uma fuga e um regresso que mais tarde ou mais cedo acontecerá) como ceda também a uma conclusão sacana. É o pior que, gostaria que concordassem, podemos achar de um filme: quando ele faz algo que não deveria ter feito. Ou, é o que acho aqui, algo que não pode fazer. Spoiler. Não se pode filmar dois adolescentes que se comportam de forma anormal, segundo padrões vigentes, aceitá-los assim, e depois em escassos minutos haver uma morte, dela, directamente ligada a essa opção que ambos tomaram, a da fuga, mas essa morte ser... sem querer. Ou seja, não se pode dar a mão, que é o que Naranjo faz ao distanciar-se de um qualquer comentário sobre o comporamento do par, para depois a largar. É isso que Naranjo faz: ele larga-os. E é isso que não posso aceitar.
"Voy a Explotar", Gerardo Naranjo
A adolescência é uma fase extremamente complexa e é verdade que Naranjo consegue muitas vezes filmar o par de adolescentes que fogem das respectivas famílias de uma forma saudavelmente distanciada. Aliás, se problema aqui há, é no contracampo, demasiado simplificado: o pai dele, deputado, rico, corrupto; a mãe dela, sozinha, desesperada na sua incapacidade maternal. Sendo o par em fuga (uma fuga que é ilusoriamente espacial, pois ambos se escondem no telhado de casa dele, e essencialmente espiritual) o centro do filme, numa espécie de "Pierrot Le Fou" adolescente, um rapaz, uma rapariga, o filme não é desinteressante. O encontro deste par permite também a abertura do enquadramento de Naranjo, inicialmente colado aos rostos. E é quando este enquadramento se abre que vemos não só as dúvidas de dois adolescentes no mundo como as dúvidas de dois adolescentes no mundo um do outro. Ainda que nunca oferecendo algo de novo, parece um filme que lida com o seu objecto de forma justa. É pena, portanto, que Naranjo não só ceda a uma estrutura de argumento (construido em torno de uma fuga e um regresso que mais tarde ou mais cedo acontecerá) como ceda também a uma conclusão sacana. É o pior que, gostaria que concordassem, podemos achar de um filme: quando ele faz algo que não deveria ter feito. Ou, é o que acho aqui, algo que não pode fazer. Spoiler. Não se pode filmar dois adolescentes que se comportam de forma anormal, segundo padrões vigentes, aceitá-los assim, e depois em escassos minutos haver uma morte, dela, directamente ligada a essa opção que ambos tomaram, a da fuga, mas essa morte ser... sem querer. Ou seja, não se pode dar a mão, que é o que Naranjo faz ao distanciar-se de um qualquer comentário sobre o comporamento do par, para depois a largar. É isso que Naranjo faz: ele larga-os. E é isso que não posso aceitar.
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