Ainda amnésia
Leio num ensaio sobre a carreira do Heinz Rühmann que é o mais conhecido e amado dos actores alemaes, embora praticamente nao seja conhecido fora da Alemanha. Leio no mesmo ensaio que, em 1938, Rühmann divorciou-se da sua primeira mulher, judia, devido a problemas com o Terceiro Reich. Nada que ímpeca a glória futuro do actor e pessoa Heinz Rühmann.
Faco um pequeno curso semanal de alemao para o reavivar. A professora é fa das cancoes interpretadas pela Marlene Dietrich e já por duas vezes nos pôs a ouvir as mesmas - a última das quais, Ich habe noch einen Koffer in Berlin (à letra, ainda tenho uma mala em Berlim), cancao de saudade. Nos comentários após a audicao a professora deixa escapar (sem querer, parece-me) que o povo alemao sempre teve problemas com o nao regresso de Dietrich à Alemanha (Dietrich nao era amiga do Terceiro Reich), após a sua ida para os Estados Unidos no início da década de 30. Nao sem um certo sentimento sádico, e eventualmente para impressionar duas ou três miúdas giras que frequentam a aula, intervenho e digo que, sim, ela voltou à Alemanha, em 1960, para um espectáculo de Cabaret. Acrescento que Marlene foi muito mal recebida pelo povo alemao, o que a levou a nao regressar à Alemanha. Viva. Isto porque (e aqui já vejo um pequeno buraco por onde sai sangue no corpo da professora, onde de imediato espeto o dedo) em 1992, data da sua morte, ela regressou à Alemanha para ser enterrada. Termino dizendo que mesmo o grandioso evento que estava programado para o seu enterro foi cancelado, pois ainda eram demasiadas as vozes que a consideravam como traídora. A professora diz que sim e muda de conversa.
Faco um pequeno curso semanal de alemao para o reavivar. A professora é fa das cancoes interpretadas pela Marlene Dietrich e já por duas vezes nos pôs a ouvir as mesmas - a última das quais, Ich habe noch einen Koffer in Berlin (à letra, ainda tenho uma mala em Berlim), cancao de saudade. Nos comentários após a audicao a professora deixa escapar (sem querer, parece-me) que o povo alemao sempre teve problemas com o nao regresso de Dietrich à Alemanha (Dietrich nao era amiga do Terceiro Reich), após a sua ida para os Estados Unidos no início da década de 30. Nao sem um certo sentimento sádico, e eventualmente para impressionar duas ou três miúdas giras que frequentam a aula, intervenho e digo que, sim, ela voltou à Alemanha, em 1960, para um espectáculo de Cabaret. Acrescento que Marlene foi muito mal recebida pelo povo alemao, o que a levou a nao regressar à Alemanha. Viva. Isto porque (e aqui já vejo um pequeno buraco por onde sai sangue no corpo da professora, onde de imediato espeto o dedo) em 1992, data da sua morte, ela regressou à Alemanha para ser enterrada. Termino dizendo que mesmo o grandioso evento que estava programado para o seu enterro foi cancelado, pois ainda eram demasiadas as vozes que a consideravam como traídora. A professora diz que sim e muda de conversa.
2 Comments:
Este texto prova duas coisas: que uma conversa à volta "dessa altura" na Alemanha (apesar de já se fazer filmes e outras coisas com isso) será sempre melhor "mudar de assunto", e que há sempre uma mulher atrás das decisões dos homens.
Texto revelador da "amnésia" dos alemães...
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