History of Violence

Lang incide nos personagens, muito mais do que Cronenberg faz no filme dele, pois a sua ambição é declaradamente fazer funcionar a palavra history do título, remetendo, como muito se disse, para a history da América. Podem dizer-me que Cronenberg também incide nos personagens, mas a meu ver é um trabalho muito mais psicológico. Ao trabalhar os personagens através das suas emoções (em surdina, sempre, claro), "Western Union", sendo também uma história de violência da América - o desenvolvimento a oeste e toda o sacrifício do homem de fronteira e não só - é-o de forma muito mais trágica.

Dando um passo atrás, é óbvio que se torna claro que Lang, em 1941, ano em que o western talvez já fosse o género americano por excelência daquela época dourada (utilizam muito esta palavra neste contexto), trabalha o mito, e Cronenberg, em 2005, actualiza o mito para dizer algo sobre o seu tempo. É só que me lembrei muito do "History of Violence" ao ver o "Western Union" (descobrir o cinema "para trás" tem destas fodas) e a cada momento me vinha a ideia que o filme do Lang dá 10-0 ao do Cronenberg (filme, antes que leve nos cornos, de que gosto muito).