Pare, escute e olhe
Já não nos aparecem muitos filmes que nos peçam esta disponibilidade para os acompanhar no seu olhar como o pede "En La Ciudad De Sylvia". É isso que faz o filme de Guerin, deixa-nos (aos disponíveis para olhar) acompanhá-lo na sua totalidade, porque nos dá a ver tudo, a ouvir tudo. Um homem procura uma mulher que conhecera há seis anos. É mais ou menos isto. Isto mais toda a dúvida interior do homem, quando na esplanada olha e desenha as mulheres em seu redor, dando-nos Guerin toda a percepção do espaço físico, bem como interior da personagem, através daquilo a que chamaria uma lição de montagem. Isto mais a continuação de toda a percepção da cidade e dos espaços percorridos pelo homem a perseguir a mulher que julga ser Sylvia. Não só a montagem continua a ser fundamental, como o extraordinário trabalho de som ajuda a essa percepção, brilhante no modo como estrutura a continuidade dessa sequência.
Acho que há algo de muito ético nessa vontade de nos mostrar tudo. Não no sentido negativo das ficções simplistas, que nos tentam dar certezas, mas no sentido contrário, isto é, dar a percepção máxima ao espectador para mostrar uma desorientação (figurada pelo personagem masculino), que é também uma forma de se estar relacionado com o mundo.
Acho que há algo de muito ético nessa vontade de nos mostrar tudo. Não no sentido negativo das ficções simplistas, que nos tentam dar certezas, mas no sentido contrário, isto é, dar a percepção máxima ao espectador para mostrar uma desorientação (figurada pelo personagem masculino), que é também uma forma de se estar relacionado com o mundo.
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