Sunday, May 04, 2008

Congratulations, Bobby

Só posso sublinhar a associação a Ford e também nunca percebi muito bem a relação que querem fazer entre Gray e Scorsese (o José resume a coisa muito bem). Mas, se por um lado não me apetece dizer que Coppola é o fantasma do cinema do Gray (utilizado muito pelos detractores do filme), por outro lado também não me apetece fazer a completa negação desse fantasma. Bom, não é um fantasma, digamos que é uma simples referência. Para não cair para um lado ou para o outro, é preciso pensar a relação que Gray estabelece com Coppola.

Não é respondendo à pergunta como?, de facto a pergunta mais importante, que chegamos a essa relação, claramente porque Gray não copia nada. Aliás, onde está a cópia se não há em "We Own The Night" nunca algum excesso operático que Coppola não retirava de seus filmes, onde sentimentos eram muito mais evidenciados do que em Gray, havendo, sim, no filme do último, constantes elipses e uma secura que não deixam as emoções vir à superfície, tornando tudo implosão emocional?

Mas não acho que se deva negar Coppola, isto se pensarmos um pouco na pergunta o que?, pois nos dois realizadores impera a vontade de mostrar tragédias familiares. E, repetindo-me, não fazendo nunca uma cópia a Coppola, não consigo deixar de pensar em "The Godfather". E, sinceramente, Gray deve ter pensado também. O filme de 72 e Michael Corleone estão no percurso de Bobby, na sua tomada de consciência do sangue que corre nas suas veias, na redenção que Bobby busca no final desse percurso. "The Godfather" e o mesmo Michael estão também naquilo que Bobby perde, a Amada, tal como Michael perdia Kay Adams. Já falei nisso por alto, mas vejam que quando Bobby decide entrar na polícia, ele vai da sala para o quarto, fechando a porta atrás de si. É o plano final do filme de Coppola. Como disse, Kay Adams ainda tinha direito a um contracampo. Em "We Own The Night" Amada já só terá direito à imagem de um fantasma. O plano seguinte ao de Bobby fechar a porta, mostra a sua entrada no corpo policial. Ninguém lhe beija a mão, mas todos dizem: congratulations, Bobby.

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