Saturday, April 12, 2008

Autores ou não autores

Francis Ford Coppola não deixa de ser um dos maiores por causa de "Youth Without Youth" - o pior filme dele que vi. O que me apetece realçar da desilusão que é o filme é o desastre total no objectivo de se encenar a si próprio dentro do filme. Sempre que o filme é mais explícitamente sobre o próprio Coppola, é-o de forma auto-complacente. Nada contra a auto-complacência, mas que se seja auto-complacente de cabeça levantada e não a chorar baba e ranho e dizer "mãe, olha eles...". Sinceramente, não foi difícil de me lembrar de outro come back dos anos 70, outro filme de auto-encenação por parte do seu realizador, "Rocky Balboa". Coppola é pastoso, Stallone é seco; Coppola chora baba e ranho, Stallone quis que os outros se fodessem, mostrou as suas feridas, lambeu-as em frente de todos e nunca baixou a cabeça. Coppola é tão indiscutivelmente melhor cineasta que Stallone, quanto "Rocky Balboa" é tão indiscutivelmente melhor filme que "Youth Without Youth". Apliquem o rótulo de autor ao primeiro; em relação aos últimos filmes destes dois, eu fico com Stallone.

4 Comments:

Blogger José Oliveira said...

tudo dito pá, brilhante e de uma penada...

a convocação de stallone é luminosa, obrigado.

10:24 PM  
Blogger Capitão Napalm said...

"mãe, olha eles...". ahahaha. "não deixam o menino brincar..."

11:11 PM  
Blogger José Miguel Oliveira said...

Não sei porquê, mas começa a haver em certos blogueiros, um movimento que se assemelhava ao de Godard. Se este criou, ou fez parte (já não sei ao certo) o movimento Dziga Vertov, acho que daqui a uns tempos poderá haver um grupo Sylvester Stallone.
E não era má ideia.
Se isso acontecesse, count me in.

5:31 PM  
Blogger Unknown said...

He pá, eu não quero meter-me em polémicas sobre tão ruim objecto, muito menos com três dos meus bloguistas preferidos, mas o R.Balboa é acima de tudo embaraçoso, de tão tosco que Stalone é.
E basta atentar na banda sonora e naqueles movimentos em câmara lenta, de um mau gosto atroz, para perceber que ele nunca será um cineasta. São lugares-comuns em catadupla, é penoso, mesmo.
Ao menos, pense-se o que se pensar sobre o resultado, Coppola arriscou, e muito, neste seu regresso.É como dizia o pessoal dos Cahiers dos bons velhos tempos: eu preferirei sempre, de longe, o maior falhanço do Coppola ao melhor dos esforços bem intencionados de um qalquer Stalone.

12:43 PM  

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