Saturday, February 16, 2008

High Plains Drifter (Clint Eastwood, 1973)

Em "High Plains Drifter" há um estranho, sem nome, protagonizado por Eastwood himself claro, que chega a uma localidade de nome Lago. Impõe-se de forma violenta após ter sido recebido de forma violenta. Carrega consigo um peso do passado, neste caso um chicoteamento brutal de que foi alvo. Lago tem um problema com uns fora da lei; os seus habitantes, vendo que o estranho os pode ajudar, pedem-lhe ajuda em troca de tudo o que quiser da cidade sem custos. Daqui a cidade entra num sistema político a que não será muito exagerado chamar comunismo, já que o estranho, qual Estaline, ordena como hão de ser utilizados os bens privados em favor da comunidade. Isto faz com que a comunidade se vire contra o estranho e, a certa altura, há um caos que apenas ligeiramente se atenua para se dar cabo dos fora da lei. Grande descrição.

Importa no filme a economia com que Eastwood filma tudo isto. É um western série B saído da Hollywood clássica com a unidade de espaço a ajudar o sentimento de crispação que passa pelo filme. Isto porque o caos referido acima é a consequência desta crispação. Daqui pode entender-se o começo de alguns dos temas caros a Eastwood. O isolamento do personagem, mesmo quando em comunidade, e a descrença num mundo, se não perfeito, pelo menos razoável - impossível, claro, veja-se a reacção da comunidade. Não há ainda a fluência narrativa que se atingiria mais tarde (algumas coisas que reconhecemos de Eastwood parecem vir em blocos, como se agora quisesse mostrar uma coisa, depois outra), mas já há um golpe de asa (mesmo descontando o truque de argumento) de uma vingança silenciosa apenas mostrada no último plano - que é, basicamente, o mesmo último plano de "Dirty Harry". Esqueça-se "Play Misty For Me", "High Plains Drifter" é o primeiro filme de Clint Eastwood.

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