Sunday, February 03, 2008

Duas notas sobre "Daqui P'rá Frente"

"Daqui P'rá Frente" (Catarina Ruivo, 2007) incomoda-me devido à sua vontade de argumento e devido à masturbação de Rui Poças.

O filme começa muito bem com uma sequência de grande crispação entre o casal de personagens principais: a dificuldade de manter uma relação entre pessoas de ritmos e interesses diferentes transforma-se, rapidamente, na agressividade verbal dos intervenientes, incapazes de encarar o mal estar de outra forma. Depois disto, não há espaço para o casal, cada um com o seu sub-plot, com personagens secundárias importantes e tudo, chato no caso dela, mesmo ridículo no caso dele. Ambos têm o mesmo tempo de antena, fazem as suas vidas e, no final, círculo feito, acabam juntos em cima de uma mota. Apetece perguntar porque é que isto é um filme de King Triplex e não de Lusomundo, mas já sabemos as regras do jogo.

A iluminação do filme é bonita, sim senhor, mas a meio já chateia. Isto já estava previsto nesse horrível e masturbatório primeiro plano em que Adelaide de Sousa se senta à porta do prédio onde dorme a noite toda - um plano fixo de um ou dois minutos em que a luz se vai alterando para dar a entender a personagem dormiu um soninho de horas. Para que é que se perde tempo e trabalho com estas merdas, se não há nada no plano para além de virtuosismo?

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