Sunday, January 27, 2008

Longe da Vista

Contava gostar de "Longe da Vista" (João Mário Grilo, 1998) por razões um pouco estranhas. Só lhe tinha visto "A Falha" (2002), que me parece ser um filme que leva mais porrada do que merece, e sendo este considerado superior, ía confiante. Para além disso, acho que quero gostar dos filmes do homem só porque foi meu professor. Nunca concordei com tudo o que dizia, mas sempre fiquei fascinado pela forma como o senhor falava de cinema. Como se fosse tudo. "Não vos perdoo", disse ele uma vez, referindo-se à possibilidade de não irmos ver "O Quinto Império - Ontem como Hoje", com presença de Oliveira. Ainda há uma parte de mim que sorri com isso. Um sorriso amigável, respeitoso.



Adiante. Gostei de "Longe da Vista". Mesmo muito. Já tinha sentido em textos de Grilo e em "A Falha" esse sentimento de fracasso de uma geração, a sua. Fracasso esse que passa em surdina nos oitenta e tal minutos deste filme. O filme é tanto mais trágico, quanto proporciona uma passagem de testemunho desse fracasso. Passagem de testemunho que é narrada e encenada de uma forma a que pareça ser o rumo natural das coisas. É, por isso, um filme extremamente pessimista. O classicismo formal a que Grilo recorre dá a esse pessimismo a beleza das coisas sentidas e não mostradas. A forma clássica e Canto e Castro - para este não há palavras que cheguem.

2 Comments:

Blogger Unknown said...

Bom texto.
Saudações cinéfilas,
VA

3:40 PM  
Blogger Miguel Domingues said...

O "A Falha" precisava de mais meia-hora com eles soterrados. Talvez tenha sido falta de dinheiro para o0 fazer.

12:08 PM  

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