Wednesday, October 03, 2007

Projecções

É-me familiar o relato do André Dias, espectador ocioso. A minha experiência foi no Quarteto, há coisa de um ano (talvez mais), num dia em que, sem nada para fazer, vejo no Cinecartaz que estão a ser exibidos episódios do "Dekalog" e curtas do Kieslowski. Não hesitei e fui até lá, comprei bilhete, entrei na sala e logo me deparo com o projector DVD no meio do corredor da sala. A frustração foi grande, mas fiquei por ali. E já me devo ter safado de semelhantes situações sem saber. Tinha cá o folheto do ciclo de que fala o André, os nomes de Martone e Sorrentino despertaram curiosidades, mas acabei por não ir (aliás, o ciclo decorre ainda, se não estou em erro). E mais ciclos similares andam por aí. Noutro patamar, e para me levar também à conversa dos formatos das imagens, lembro-me do ciclo Sonhos e Visões do Núcleo de Programação Cinematográfica da FCSH, com projecções em DVD. Os recursos são completamente outros e não tenho nenhum problema com a projecção em DVD. Porém, já tenho problemas com o facto de projectarem filmes como o "Persona" e o "A Matter of Life and Death" em 1.85: 1. Tão desiludida que estava a Rita Azevedo Gomes no fim do filme do Powell. Mas a grande questão dos formatos das imagens parece-me ser a total ignorância sobre esse facto. Estar a ver um pan & scan na televisão e comentar sobre o assunto, de forma irritada, leva na maior parte dos casos a um olhar vazio por parte de quem ouve, no máximo àqueles comentários género "mas também só tu é que ligas a essas merdas". O pior mesmo é que as pessoas não acham estranho ter dois personagens praticamente fora de campo e papam aquilo como se nada fosse (e dou apenas este simples exemplo). Da televisão já não há nada a esperar, mas se nem ciclos de cinema organizados por instituições com os mínimos recursos tentam manter hábitos de projecções correctas em película, não sei onde isto vai parar.

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