Setembro na Cinemateca, duas notas
i) Em vez de ver Mizoguchis, Kurosawas e afins vou estar enfiado num trabalho de merda.
ii) Mas quem é que é esta malta e o que é que é preciso para ter uma sugestão para ciclo de cinema aceite pela Cinemateca Portuguesa? É que isto não é, nem de perto nem de longe, algo muito original.
ii) Mas quem é que é esta malta e o que é que é preciso para ter uma sugestão para ciclo de cinema aceite pela Cinemateca Portuguesa? É que isto não é, nem de perto nem de longe, algo muito original.
12 Comments:
´´E verdade Daniel! Trabalhar assim não é para ti nem para o patrão. Afinal ver um filme é muito melhor. Eu que o diga
Em relação aos pontos:
i) sou solidário contigo, vai-me acontecer exactamente o mesmo em Setembro. A minha única consolação é que um dia destes arranjo outra coisa melhor e despeço-me do trabalho.
ii) Essa malta é uma malta muito bem ligada. De programadores/ críticos não têm nada. O que é preciso para sugerires um ciclo à Cinemateca? Como tudo no século XXI, my friend: crias um nome e arranjas connections.
Pior: alguns dos filmes seleccionados não me parecem bem ligados ao "tema" do ciclo...mas, pronto...
E o "le mépris" (ou próprio "la nuit américaine"), ou "once upon a time in the west". Todos filmes sobre filmes (le mépris é mais. É sobre o cinema..) ao seu jeito. Mas pronto...
Os dois últimos, enfim... Assim qualquer um é cinema sobre cinema. Qualquer Godard, Keaton ou Truffaut estaria melhor. Até o 2001 do Kubrick.
Mas o pior disso tudo, e uma coisa que continuo a não perceber, é a Cinemateca Portuguesa ter apenas uma cópia do Oito e Meio com legendas em castelhano. O filme nunca estreou em Portugal?? Foram destruídas todas as cópias com legendas em português? A Cinemateca Italiana não tem cópias de sobra para se fazer uma legendagem electrónica portuguesa? Sim, é o meu pequeno escândalo de cinéfilo. Uma vergonha mesmo.
É isso mesmo, nem a idéia do ciclo é original, nem se é feliz nas escolhas dos filmes. É como vocês dizem: assim tudo é cinema sobre cinema.
Pessoalmente, arriscaria em filmes menos vistos como "Onde Jaz o Teu Sorriso?" ou "Los Angeles Plays Itself", assim de repente.
Mas para mim a questão é mais funda: porque é que um ciclo ranhoso é aceite? A Cinemateca tem os seus problemas.
Em contrapartida poderemos todos rever o "Johnny Guitar"...
Francisco, completamente de acordo. Só se espera que, para salvar a honra do convento, a cópia seja boa.
Daniel: esse filme do Pedro Costa seria sinónimo de pedir MUITO. Basta ver que é das coisas menos conhecidas por alguma (perdoe-se-me a pontada de mau feitio) pseudo-intelectualidade.
Mais uma pontada de mau feitio (em complemento ao que já vai dito): "In a lonely place" até é um filme sobre filmes. O Bogey faz de argumentista...
Não conheço ninguém do blog Noite Americana ou da cinemateca mas se calhar para pedir um ciclo é só preciso isso mesmo: pedi-lo. Não sei, eu só vou ao cinema.
Há aqui uma má vontade bem típica de algum público comichoso que habita a Cinemateca. Nunca estão satisfeitos. Como não suspiro, não me rebolo na cadeira nem sou da brigada do silêncio, reservo-me, por uma vez, o direito ao protesto.
É de caras que são 4 filmes sobre filmes, por sinal dos melhores filmes sobre cinema alguma vez feitos. Há muito por onde escolher, como há sempre aliás, e concordo que o tema do ciclo nem é original mas, e daí? Agora, por favor, deixem-se lá de armar ao pingarelho com o Pedro Costa e o Straub, de que, porra, bem queria não gostar só para vos chatear mais um pouco. Referir filmes que pouca gente viu e pode avaliar, porque, meus caros, nem todos vivem em Lisboa e não conhecer Straub ou Costa não é desconhecer o cinema, isso é que é ser pseudo-intelectual.
Quanto às legendas, creio que só recentemente a Cinemateca conseguiu um acordo que lhe permite guardar cópias dos filmes estreados em Portugal. Não tenho a certeza. Outros explicarão melhor. Por acaso, Oito e Meio foi reposto há poucos anos e existe cópia legendada em português. Desconheço se a C.P. a tem.
Saudações pacíficas,
André Vieira
Isto aqui em cima não ficou muito bem escrito. O sentido pretendido e falhado daquela frase trapalhona sobre Costa e Straub prende-se apenas com a irritação que me faz a nomeação sistemática destes realizadores só para sustentar uma atitude emproada, muitas vezes sem qualquer conteúdo associado, ainda por cima dando pancada em quem se crê que não os viu. Por que motivo não se lembraram de Sherlock Jr. ou de Cameraman de Buster Keaton? Ou de The Bad and the beautiful ou de Ed Wood?
E a programação, que certamente não é perfeita, parece-me longe de insatisfatória. Estes hábitos de maldizer não se perdem nem por nada.
...ou "o homem com a câmara", de Dziga Vertov...
A frase trapalhona (do autor que aceita bem o epíteto "emproado" neste contexto) está muito bem. Mas sou suspeito neste particular, claro está.
Caro André,
adoro o "In a Lonely Place", gosto mesmo muito do "Mulholland Dr." (embora o "INLAND EMPIRE", mais uma vez, seria um risco que me agradaria mais), assim como gosto do filme do Allen. O "8 1/2" é o filme que mais gosto de Fellini, mas não sou particular admirador, segundo os poucos filmes que vi dele.
Isto para dizer que não está em causa a qualidade dos filmes escolhidos. Continuo, sim, a dizer que é um ciclo pouquíssimo original e que não traz nada de novo. Sendo este sugerido por um blogue e aceite pela Cinemateca Portuguesa é que me incomoda - e, não, não é só sugerir. Bem disse o Ricardo Martins "quem era a malta" e pode acreditar que ele sabe do que fala.
Sugeri dois filmes que poucos conhecem? Isso para mim foi um elogio. Se gosta de Pedro Costa, com certeza gostaria de ver o "Onde Jaz o Teu Sorriso?" programado. Não ando aqui para dizer que conheço o Costa e os Sraub (de quem vi três filmes, ou seja, não conheço) para me armar ao pingarelho e achar-me melhor que os outros. Prática que aliás me repugna. Isso não me impede de chamar a atenção para algo que me parece negativo e fazer uma contra-proposta - e nesse sentido ninguém me tira da idéia que o filme do Costa seria mais interessante. Se não falei no Keaton (falou o Francisco) foi porque falei em apenas dois filmes. E, mais uma vez, acho que os que referi são menos vistos que o Keaton e merciam a oportunidade. Keaton, Ray, Fellini têm lugar marcado na Cinemateca. Eu sou dos que defendo que a Cinemateca deveria mostrar mais coisas recentes e desconhecidas (e aqui estou contra muita gente, eu sei), mas é a minha opinião.
Não escrevo um blogue querendo soar emproado, pseudo-intelectual (nem intelectual, já agora) ou sabendo mais que os outros. Mas quando houver malta que por alguma razão, que não me cheira bem, apresenta um ciclo banal na Cinemateca vão-me ter à perna.
Volte sempre, gostei de o ler. Cumprimentos.
A única coisa que verdadeiramente me "irrita" no ciclo é tresandar a conhecimentos :S
Também não era para me levarem tão a sério. Não me dirigia a ninguém em especial, muito menos a si, Daniel. Se o considerasse um charlatão, não viria ao blog. O tom de provocação era só isso e é possível que tenha acertado ao lado.
Agora vou ocupar um espação.
Eu também acho que nem tudo funciona bem na C.P. e isso merece discussão. Aliás, estamos de acordo. Nem é toda programação, que é impecável até 1965. Embora haja ciclos dedicados a realizadores de 3ª, como Henry King agora (são reapreciações, pronto) ou a temas algo prosaicos como os táxis e as megeras, também normalmente com maioria de obras anterior aos anos setenta, não gostaria de deixar de poder ver alguns desses filmes. Essa programação interessa-me bastante, talvez mais do que uma mais completa do cinema contemporâneo, que, essa sim, me parece possível melhorar.
A Cinemateca não tem uma programação, e pode fazê-lo, mesmo considerando as limitações óbvias, de alternativa e complemento ao circuito comercial. Como escreveu, Daniel, a projecção de alguns filmes demasiadas vezes, alguns deles disponíveis em DVD em todo o lado, ocupa o lugar de sessões de outros realizadores e de outras cinematografias (bem sei que não é a mesma coisa mas as pessoas, se os quiserem ver em sala, que esperem). Isto por muito que goste do Johnny Guitar ou do Oito e Meio (acho que agora vos dei razão)
Não entendo, só para dar um exemplo claro e uma sugestão, por que motivo não programam filmes não estreados em Portugal ou com mais de 10-15 anos, aproveitando uma estreia comercial do mesmo realizador. Teriam mais público e podem-no fazer constantemente, com o Spielberg, com o Godard, com o Zhang Yimou (façam-no, por favor), escolham.
E a cinemateca tem algo mais que se lhe diga: aquela sala pequena onde só se deve ir para ver os filmes em 4:3 (mas o que se pode fazer agora? recomeçar as obras?); deixarem sempre a "malta" (se calhar devia ter apontado a estes) entrar depois da sessão começar; deixarem alguns sair durante o filme e VOLTAR A ENTRAR; ou aquela eterna batalha Brigada do Silêncio vs. Grupo dos Rebuçados (dão à entrada?).
Chega. Cumprimentos. Até.
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