História de um plano e eu
Vendo este fotograma neste artigo da nova edição da Senses of Cinema, não consigo deixar de sentir um certo orgulho. Talvez não seja a palavra exacta, orgulho, mas não me vem uma melhor à cabeça.
Não sei quantos dias foi Pedro Costa filmar para o anfi-teatro da Gulbenkian, mas num deles (o único? não acredito) eu estava lá. O meu último ano da faculdade reservava-me furos terríveis e numa sexta-feira de Outubro (Setembro?) de 2005 decidi passar o tempo do furo a ler o Y na Gulbenkian.
Chegando lá, não houve jornal para ninguém - estupefacção houve durante duas horas. Que raio de homem é este que filma n takes, corrigindo o Pango após quase cada um deles? E ele coitado a acender cigarro atrás de cigarro. Foi só a repetição daquele take que eu vi e senti, mesmo que ainda não conhecesse o rosto de Pedro Costa para identificar aquilo que estava a ver (perguntei nesse dia ao Gustavo Sumpta, que estava a impedir as pessoas de passar, quem estava ali a filmar), mesmo que não soubesse que viria a amar o filme mais tarde. A primeira vez que vi o filme, no Doc's Kingdom do ano passado, esperei de forma ansiosa e infantil por aquele plano. Quando apareceu arrepiei-me.
Não poderei nunca estar fora de campo naquele plano. Mas nunca deixarei de pensar, ao ver o filme, se assisti ao take escolhido.
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