Mesmo à minha frente
Sou grande admirador de Pedro Costa. Só me falta ver "O Sangue" (1989), seu primeiro filme, falha que vou colmatar em breve. Aquando da estreia de "Juventude em Marcha" (2006), falou-se em Ozu, Ford, expressionismo e...Straub-Huillet.
Infelizmente, nunca vi Ozu, assunto que arrumei logo e que retomarei quando o vir. No filme de Costa via Ford, via expressionismo, mas...não via o casal Straub. Deles também só vi dois filmes: "Nicht Versöhnt" (1965), visionamento já posterior ao filme de Costa, e "Sicilia" (1999), filme de que, simplesmente, não gostei quando o vi (a este assunto voltarei noutro post). Era coisa que me dava cabo da cabeça: "mas onde é que eles os vêm?"
Apenas ontem, ao ver "Onde Jaz o teu Sorriso?" (2001), percebi a influência e a pergunta passou a ser outra: "mas como é que eu não vi logo?" Estava mesmo à minha frente.
"(...) Quando alguém nos diz: 'A forma é tudo, a ideia não conta', é pura cobardia, não é verdade, tem de se ver bem as coisas: a ideia existe! Depois, há uma matéria e depois, uma forma. E aí, não há nada a fazer, ninguém lhe pode dar a volta. A ideia é o que faz Eisenstein quando tem uma primeira continuidade, é a sua montagem de atracções, depois há a matéria, ele tem de determinar a duração dos planos que alinhou, isso é a matéria. E o que nós estamos aqui a fazer é a ideia que estava no papel, a construção do filme, a continuidade dos planos e, a seguir, trabalhamos sobre uma matéria. Temos uma matéria que nos resiste e não se pode cortar ao calhas entre dois planos, já tinha dito isto, antes de vir para este cubículo... Depois desse trabalho, da luta entre a ideia e a matéria e da luta com a matéria, nasce a forma! (...)"
(Jean-Marie Straub)
Carregados meus.
Infelizmente, nunca vi Ozu, assunto que arrumei logo e que retomarei quando o vir. No filme de Costa via Ford, via expressionismo, mas...não via o casal Straub. Deles também só vi dois filmes: "Nicht Versöhnt" (1965), visionamento já posterior ao filme de Costa, e "Sicilia" (1999), filme de que, simplesmente, não gostei quando o vi (a este assunto voltarei noutro post). Era coisa que me dava cabo da cabeça: "mas onde é que eles os vêm?"
Apenas ontem, ao ver "Onde Jaz o teu Sorriso?" (2001), percebi a influência e a pergunta passou a ser outra: "mas como é que eu não vi logo?" Estava mesmo à minha frente.
"(...) Quando alguém nos diz: 'A forma é tudo, a ideia não conta', é pura cobardia, não é verdade, tem de se ver bem as coisas: a ideia existe! Depois, há uma matéria e depois, uma forma. E aí, não há nada a fazer, ninguém lhe pode dar a volta. A ideia é o que faz Eisenstein quando tem uma primeira continuidade, é a sua montagem de atracções, depois há a matéria, ele tem de determinar a duração dos planos que alinhou, isso é a matéria. E o que nós estamos aqui a fazer é a ideia que estava no papel, a construção do filme, a continuidade dos planos e, a seguir, trabalhamos sobre uma matéria. Temos uma matéria que nos resiste e não se pode cortar ao calhas entre dois planos, já tinha dito isto, antes de vir para este cubículo... Depois desse trabalho, da luta entre a ideia e a matéria e da luta com a matéria, nasce a forma! (...)"
(Jean-Marie Straub)
Carregados meus.
2 Comments:
"Où gît votre sourire enfoui?"... que filme, mas que filme!
Escrevi umas linhas (en français, désolé) sobre ele quando o vi na teca...
Vai lá ver a "prenda" que deixei no Amarcord :-)
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